sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

borboletRas *4*

Imagem da Capa: © hyperangel (www.deviantart.com)


Alegorias
Caroline Schneider

assintonia
comiseração da alegria
vida de lágrima
na face de Pierrô
sou Colombina
descreio sempre
da esperança
desvalida
mito de riso
choro, dor
lágrimas
ao findo dia
cansei-me de viver
Alegorias
em cada carnaval
tu, Arlequim
traz-me destino
sonho de ópio
disritmia
tríade de desventuras
desta venturosa
vida?
o que é isto
que pulsa
no ritmo
do enredo
que um deus
carnavalesco
escreveu sob
sangrenta pena
em nossos corpos
pintados sob amanhecido
segredo
de’uma quarta-feira
de cinzas?
Alegorias
frívolas, possíveis ruínas
trazidas pelo vendaval do tempo
réstias do sol
jazidas
sobre confete e serpentina
***

Vestida de Negro
Caroline Schneider

Vesti-me de negro
só para calar
um sono cinzento
Sonhos...
queria-os ter,
mas o véu
dos pesadelos cruentos
volveu ao meu ser
encaixotado de máculas
cores pastéis
Soletrei meu nome
Pra quem?
Não havia ninguém
Será para eu mesma
lembrar-me quem sou?
Ou para romper
soturno silêncio
da madrugada
não conseguido
nem pelo tique-taque
contínuo do despertador?
...
Àquela altura
Embrenhada na altivez
Da noite de mim
O sono abordou
Só minhas unhas carmim
Dissolviam a negritude do todo
E o brilho de uma estrela única
Que reluziu e piscou no entremeio da cortina
Chamou-me à realidade da esperança
Que inda existe na prata de'um fio
***

Apanágio à Solidão
Caroline Schneider

estômago em oca vertigem
aspirei na janela
misto de tabaco de baunilha
e vento outonal
a buscar folhas
ferindo na garganta
ocultações viscerais
o céu da minha alma
repleto de folhas
no chão
retrato de outono
ocaso de fase
escuridão...
relembrei a cada trago
castelos derrubados
ao longo da vida
reconstruídos
junto a escombros
sentinela vívida
sucessivo renascer
odor de baunilha
cobiçando cadentes
flocos de algodão
vida em constante
apanágio à solidão

***

Sonho de Sereia
Caroline Schneider

Sou S.e.r.e.i.a
transformo a energia vital
em malícia total
fecundidade hominal
em sensual vai-e-vem
de pernas, mãos, braços, sensações
quero que me acordes aos beijos
para descobrir-me realidade, eu vejo
P.a.r.a.í.s.o.s
em teus olhos mares
flutuantes sombras de inquietude flamejante
sou feita de matéria feminina
cheia de vida, nasci para amar
navego canções a N.e.t.u.n.o
que sabe, meu trono, é teu
Deixe-me S.o.n.h.a.r...
que a realidade de ver-te, ao acordar-me em manhã
torna-me plena
e renasço M.u.l.h.e.r...

***

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Quem sou eu

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou tudo que fervilha. Sou o desenho das nuvens. Sou as lágrimas de felicidade. Sou o sorriso. O sol da manhã. Sou o suor escorrendo. O cheiro de café no corredor. Sou a borboleta voando. Sou meus sonhos. E também sou a realização deles. Pra mim, a vida tem sentido.

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